«De entre as muitas modas literárias, destaco duas: a de se querer ser da nossa época e a de não se querer ser de época nenhuma. Ah! como são numerosos os livros marcados com este ferrete: o «querer ser»! Defesa dos falsos artistas, a
vontade de ser isto ou aquilo serve para mascarar de intenções a pobreza da realização. «Nós queremos que a arte seja»; «nós não queremos que a arte seja, etc….» E por aí fora, dos manifestos anunciadores às obras, num sem fim de voluntarismos. Ora, querer ser é a melhor maneira de não chegar a ser.» (Adolfo Casais Monteiro,
De Pés Fincados na Terra, p. 69).
A Imprensa Nacional, nas Obras Completas de Adolfo Casais Monteiro, lança em Outubro
De Pés Fincados na Terra. Um dos melhores livros de crítica literária alguma vez publicados entre nós, esgotado há décadas, do melhor crítico literário português do século XX (coisa diferente de se ser influente, conhecido ou reconhecido). Como escrevi o prefácio, que me honra mas que sai diminuído pela comparação com os textos de Casais, prefiro não me alongar. Estou certo que a crítica, jornalística, académica, especializada, etc., irá dar o devido destaque ao caso. Como é normal.
CL