«O desejo de saber tende a ser submergido por uma avalancha de informações de que os indivíduos se arriscam a ser simples retransmissores, num sistema sempre mais vasto de comunicação neutralizada (qual será o futuro da Internet que poderá ir contra esta tendência? Perfila-se já no horizonte a ideologia de um dandismo electrónico… mas também o dandismo é dado a poucos).» (Fernando Gil,
Acentos, p. 329)
Antes de nova indignação geral por causa do cancelamento de uma ópera de Mozart em Berlim, devido a ameaças anónimas de represálias, convém sublinhar que esta pressão não foi feita em nome de Estados ou de organizações reconhecidas, pelo que não é da mesma ordem de gravidade que os cartoons ou a celeuma em torno do discurso de B16. Nem por isso é mais aceitável, claro, e, quer se aceite a decisão da Ópera quer não, é ocasião para observar que a moderação (religiosa em geral, não apenas islâmica) consiste em mais do que não fazer ameaças, requer que não se seja conivente, mesmo que apenas por inacção, com quem as faz.
CL