Muito se escreveu ontem sobre a revolução causada pelo surgimento de
O Independente. Não mudei de ideias: foi um símbolo de um processo geral da Imprensa portuguesa, e a mudança da comunicação social para fora da cultura de Esquerda, em qualquer caso, é sobretudo obra da TV privada. Até por isso mesmo a recente acusação de censura feita por Eduardo Cintra Torres à RTP é significativa. Não tanto pelo descaso que exibe ao fazer a acusação sem indícios (provas só se exigem em tribunal), baseado em «fontes» que protege como «jornalista» apesar de a coluna ser supostamente de «crítica». Isso indica, apenas, o que não valem o Provedor, o Livro de estilo, etc., do jornal. Não, o caso indica bem como a suposta revolução limitou-se a substituir uma ideologia comunista, ou perto disso, por uma ideologia supostamente liberal. No tempo de Morais Sarmento, a RTP não censurava, e Cintra Torres comparecia para abrir o Canal 2 à «sociedade civil». Hoje, esse bondoso ex-governante que nunca se interessou por alinhamentos noticiosos que é Marques Mendes até é apontado como exemplo de coragem e frontalidade na Oposição. Pois, a «revolução» (sobretudo televisiva, insisto) deu nisto: temos uma versão
up to date de Mário Castrim.
CL