«Assim, para navegarmos para o futuro – no limiar em que nos achamos, defronte ao mar alto −, teremos de nos entregar à tarefa que o sonho é. Demasiado ricas em hermenêuticas redutoras, as épocas modernas esqueceram o método que facilita o acesso e o recurso à fantasia. Do sonho, as psicologias conservaram o meio de libertar as almas dos cuidados que as atulham – mas carregando-as do peso existencial de um passado que se resume em infâncias irremediáveis e em lutos indefinidos. No que toca ao devaneio (segundo a diferença clássica entre
rêve e
rêverie, a partir da definição de uma vigília estritamente oposta ao sono), as instituições sociais interessam-se apenas pela sua instabilidade e irresolução, que exploram, manipulando-as. O subconsciente, que é o estrato próprio do devaneio, está exposto à sedução dos esterótipos e a uma homogeneização das aspirações de que a publicidade, por exemplo, é um instrumento eficaz.» (Fernando Gil,
Acentos, p. 327).
Não concordo com tudo, mas é bom um repto aos blogs sobre psicologia. E para todos os outros também.
CL