Num post scriptum à sua coluna no Público de hoje, Manuel Queiró comenta uma notícia recente que passou quase despercebida. A descoberta de uma técnica de desenvolvimento de células estaminais a partir de fetos humanos que não precisa de os destruir. Claro, a descoberta ainda está a anos de aplicações práticas, tal como, aliás, os benefícios médicos da técnica. Mas o ponto de Queiró é fazer ver como foi «decisivo» ter proibido a utilização dos fetos para se chegar a esta descoberta. As forças do progresso seriam, afinal, as conservadoras. A falácia está em, na nova técnica, os fetos serem usados na mesma - e por isso memso o Vaticano já anunciou (com toda a sua lógica, conservadora) que ainda se trata de uma forma de usar o ser humano como um meio, pelo que as questões éticas permanecem por resolver. Nada disso incomoda Queiró, que ilustra bem qual a função das associações «laicas» nos debates públicos: defendem o mais conservador da Igreja para esta poder até parecer progressista, mantendo sempre os mesmos argumentos. Fica a nota, à atenção dos interessados no próximo referendo.
CL