Eduardo Pitta, no Da Literatura de hoje, diz-me «de pousio». Por mim, e (suspeito) pelo J. P. George, não me acho de pousio. George publicou há meses uma recolha de textos da crítica que regularmente faz. Eu escrevo sobre o que vou lendo onde a crítica é viável, ou seja, em revistas de cultura e académicas, portuguesas e não só, em Português e em Inglês; não em dossiers de jornais feitos em resposta aos «envios» das editoras. Estas, aliás, não menosprezam isso, a quantidade de informação que chega ao Esplanar a respeito de lançamentos é significativa (imagino que a que chega ao Da Literatura também seja).
Mas a lista de 15 nomes apresentada por Pitta deixa muita gente de fora: para falar só dos de filosofia, André Barata, Pedro Galvão, João Tiago Proença... Este último também não está de pousio, escreve na Prelo a meu pedido. O mesmo poderia dizer de Pedro Galvão e do maior esquecimento de todos, Miguel Real (António Guerreiro terá começado quando, aliás?). Mas não digo. Num post ou num «trabalho académico», ver a crítica pelos criticos, «novos» ou não, é deixar de fora o que a define (um modo de discurso) e focar as supostas personalidades, entrando no caminho das tricas e das fantasias sobre «círculos», «génios», etc. e tal. A crítica é, e daí dirigir a Prelo ser tudo menos estar de pousio, muito mais edição do que escrita, o resto é conversa fiada sobre novidades, choques geracionais, e coisas vazias que tais. E não é um «trabalho académico» sobre menos de 20 anos de crítica que lhe dá consistência, pelo contrário, demonstra sim a inconsistência do tema, desde logo no período escolhido (a propósito: Gaspar Simões deixou a crítica nos anos 70, e já estou a ser bondoso; só por inépcia e espírito burocrático se pode pensar que o crítico morreu só com a certidão de óbito do cidadão).
Mas dois posts recentes de Luís Naves no Corta-Fitas, sobre jornalismo, dão matéria para pensar nestes temas de modo mais relevante. Fica para a próxima.
CL