ESPLANAR

JOÃO PEDRO GEORGE
esplanar@hotmail.com

sábado, fevereiro 11, 2006

 

Os Cabelos Arrepiam-se

(não consegui identificar o autor desta maravilha)


Na semana passada, devido a problemas técnicos (como o bom senso, o sentido das responsabilidades e «para quê atirar mais gasolina para a fogueira dos nossos cronistas?») a secção Os Cabelos Arrepiam-se foi censurada. O D. João III que há em mim falou mais alto e, ao correr da caneta, ditou-me: «Deus nos livre de tanta opinião, tanto desabafo, tanto mistifório». Acontece que o piedoso João me apanhou em momento vulnerável, atacado de súbita incompetência cervical, isto a somar a uma incontinência urinária mista resultado de uma anomalia estrutural do segundo cromossoma. Não tive outra saída senão obedecer, curvando a espinha. Mas hoje, recuperado, moita! Eis de volta, remoçado, o D. Pedro I que também em mim reside. Justiceiro, invulnerável a mandamentos, exigiu: «os cabelos arrepiam-se-me quando leio as primeiras frases das crónicas de António Vitorino». Ontem, sexta-feira, 10 de Fevereiro:

«Num ponto todos estão de acordo: as caricaturas foram apenas um pretexto para um movimento de afrontamento preparado e organizado de forma sistemática e utilizando os modernos meios comunicacionais com mestria».

Deixando de parte essa questão de somenos que é o Vitorino rimador em «movimento/afrontamento» e «preparado/organizado», há uma faceta em António Vitorino que não consigo afastar do pensamento. É ela a bizarria de iniciar as crónicas sempre da mesma maneira. Já a 27 de Janeiro, Vitorino dizia que

«Os vários comentários publicados sobre as eleições presidenciais convergem todos num ponto».

Vitorino, já se sabia, pertence àquele tipo de pessoas que nunca desconfia do próprio cérebro. Por isso consegue ver coisas onde mais ninguém vê. Como por exemplo esta, em Setembro ou Outubro do ano passado, na RTP: «num ponto todos estamos de acordo, a vitória de Mário Soares nas presidenciais está garantida». Pois bem, os opostos que em mim se digladiam convergem também eles num ponto: «assim que se começa a ler as crónicas de António Vitorino, os cabelos arrepiam-se».



<< Home


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Arquivo

julho 2004   agosto 2004   setembro 2004   outubro 2004   novembro 2004   dezembro 2004   janeiro 2005   fevereiro 2005   março 2005   abril 2005   maio 2005   setembro 2005   outubro 2005   novembro 2005   dezembro 2005   janeiro 2006   fevereiro 2006   março 2006   abril 2006   maio 2006   junho 2006   julho 2006   agosto 2006   setembro 2006   outubro 2006   novembro 2006   dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007  

Outros Blogues

Abrupto
Alice Geirinhas
Álvaro Cunhal (Biografia)
AspirinaB
Babugem
Blasfémia (A)
Bombyx-Mori
Casmurro
Os Canhões de Navarone
Diogo Freitas da Costa
Da Literatura
Espectro (O)
Espuma dos Dias (A)
Estado Civil
Fuga para a Vitória
Garedelest
Homem-a-Dias
Estudos Sobre o Comunismo
Glória Fácil...
Memória Inventada (A)
Meu Inferno Privado
Morel, A Invenção de
Não Sei Brincar
Origem das Espécies
Portugal dos Pequeninos
Periférica
Prazeres Minúsculos
Quarta República
Rui Tavares
Saudades de Antero
Vidro Duplo











Powered by Blogger

This page is powered by Blogger. Isn't yours?