Há muitos anos (1997), quando li num jornal que a Constança Cunha e Sá seria a nova directora do
Independente, enviei-lhe uma carta com
curriculum pedindo-lhe trabalho. Passadas umas semanas, a resposta chegou, assinada pelo Pedro Boucherie Mendes, pedindo-me para escrever três textos: um sobre o programa All You Need is Love, outro sobre o Steven Spielberg e outro sobre a banda Oasis. O resultado foi ter começado a colaborar com o Independente – bons tempos! – na secção de livros. Foi o meu primeiro trabalho qualificado (os meus trabalhos anteriores só por eufemismo não eram considerados «construção civil»: montei e desmontei muitos dos palcos dos concertos no Estádio de Alvalade: Guns and Roses, Rolling Stones, U2, David Bowie, Elton John, Genesis, Brian Adams, etc). Mas não foi apenas o meu primeiro trabalho, foi muito mais do que isso. Foi um trabalho que consegui sem essas personagens essenciais que são a cunha, os conhecimentos, os favores, etc. Apenas com uma carta, um curriculum e três textos. Não conhecia a Constança (como ainda hoje não conheço, nunca troquei palavra com ela) nem mais ninguém do jornal.
Vem tudo isto a propósito de só ontem ter ficado a saber que a Constança escreve num
blogue . E porque finalmente posso agradecer-lhe não ter feito com a minha carta o mesmo que quase todos fazem: mandá-la para o lixo. Bendita seja!