Andamos equivocados. Não vale a pena andar para aqui a fingir. Temos uma crítica literária jornalística de fachada. É triste assistir à rapaziada que agora se afirma nos jornais e na escrita a repetir os vícios da malta mais velha. A verdade é que as gerações mais novas, pelas condições privilegiadas de acesso à informação, ao conhecimento, a outros hábitos culturais, etc., deveriam ser capazes de fornecer-nos uma crítica com critérios de avaliação e de exigência outros que não a esperteza saloia e o oportunismo. No entanto, é o que se vê: não mudam nem aprendem nada. O novo suplemento das sextas-feiras do
Diário de Notícias ainda mal amanheceu e já as toupeiras se acomodam nos buracos. Na edição de hoje, na página 27, José Mário Silva, jornalista do
DN, assina prosa sobre livro de Nuno Costa Santos, amigo pessoal, também ele a colaborar no suplemento, ambos da equipa que organiza o
É Cultura, Estúpido, no S. Luiz. Patético e burlesco! É o mínimo que se pode dizer. Para ser mais directo: influências que se movem, sectarismo, medievalismo. Textos que se escrevem em função dos favores, críticas que se cozinham como benesses e mesuras a amigos e colegas de trabalho (é assim que se formam as clientelas, alguma dúvida?). Dá-me vontade de rir quando vejo esta gente a encher a boca com elogios a cronistas brasileiros como Paulo Francis, o mesmo Francis que nas crónicas se revoltava contra a crítica encarada como "acção entre amigos". Não, esta gente lê mas não aprende nada. O meio é pequeno, não dá para fugir a isto? O tanas! Não passam de preguiçosos sem recursos críticos. Depois é vê-los nos lançamentos dos livros, inchados de importância, todos cochichos e risinhos, em jogos de conveniência e floreios de aproximação, com ar balofo e expressão pretensiosa. Ou muito me engano ou ainda veremos Nuno Costa Santos a escrever no
DN sobre um livro de José Mário Silva. Que remédio. É o que há!