ESPLANAR

JOÃO PEDRO GEORGE
esplanar@hotmail.com

segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

Açorda de Caracol

Era de prever. José Mário Silva, entalado de suspiros, veio negar a realidade. Por outra palavras, toma-nos por parvos. A estratégia é a do costume nestas ocasiões: escandalizar-se com o escândalo. Porque, enfim, tudo não passa de uma teoria da conspiração. E ele, José Mário Silva, não percebe a razão de todo este «banzé». Mas vejamos, que esta farsa é demasiado obscena para ficar por aqui. José Mário Silva considera que não fez nada de grave e de indecoroso. Só ele é que não vê isso, até o seu colega de redacção, Pedro Mexia, admitiu o óbvio: «Em contrapartida, reconheço que não se deve escrever sobre um amigo próximo (acho que só o fiz uma vez, em 8 anos). O caso do Nuno Costa Santos é pertinente porque eu vou apresentar o livro dele (porque sou amigo dele) mas não vou escrever uma crítica sobre o livro (porque sou amigo dele)» (sublinhados meus). É daquelas coisas que se mete pelos olhos dentro. Se José Mário Silva não percebe esta regra elementar, tanto pior para ele. Mas JMS sabe-a toda, mariolas como ele sempre existiram. Não fosse o texto dele no DN e o livro do amigo (hui! hui! hui!) jamais teria esta exposição. Mais tarde ou mais cedo, Nuno Costa Santos pagará o favor. É só uma questão de tempo.
Em sua defesa, José Mário Silva reproduz o rodriguinho da amizade que deu origem à confusão. E para que não fiquem dúvidas, JMS sublinha duas passagens: «versos de um lirismo por vezes ingénuo» e «uma escrita arriscada e desigual, no fio da navalha, por vezes excessivamente rasa. Quase poemas de um quase poeta capaz de versos completos.» É de uma pessoa se esbandalhar a rir. Não percebi patavina. Perceberam alguma coisa? Responda quem souber. De resto, o que está em causa não é a profundidade da crítica. É o espaço que colegas de trabalho (e amigos pessoais) concedem uns aos outros no DN. São os textos sebáceos que uns e outros ejaculam uns para os outros. Quantas vezes será preciso dizer isto? E não se trata de caso único. Isto é prática corrente nos jornais portugueses, sendo o exemplo mais gritante o semanário Expresso. Estas coisas, lamento, mas são de fazer vomitar um caracol. JMS, por muito que isto lhe custe, fez asneira. E, em vez de reconhecer o erro próprio, ainda veio defender-se como se tivesse nascido ontem. Repito: o texto que José Mário Silva escreveu é sintoma de medievalismo e de oportunismo. Mais, denuncia a estrutura mental de um crítico que ainda não atingiu a idade de pensar. E mais não digo.



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