Pedro Mexia ,
João Miguel Tavares ,
Ricardo Araújo Pereira ,
José Mário Silva ,
Rui Tavares.Tudo gente da minha geração que leio com entusiasmo. Pessoalmente, e de passagem, conheço o Pedro e o Ricardo. Já o Rui conheço dos tempos da Faculdade e nessa altura pressentia já o que hoje não passa de banalidade: um escritor com ideias, dos mais consistentes da blogo-esfera. O José Mário Silva e o João Miguel Tavares conheço-os pelo que escrevem.
O Ricardo não precisa de elogios, todos lhe reconhecem o talento literário e a portentosa criatividade. Foi meu professor de escrita criativa, num curso do CEM (Centro Em Movimento), ali à Praça da Alegria. E embora me tenha demorado por lá apenas um mês, deu para lhe topar o sentido de humor e o pulso para a literatura. As crónicas da
Visão, em geral, são entretenimento garantido, embora nos últimos textos pressinta o esgotamento daquela fórmula humorística: criticar às avessas, ironizar fazendo a apologia indecorosa de personagens e situações sociais mui pouco recomendáveis (sobre esta técnica leiam o prefácio à edição em papel do blogue
Gato Fedorento, pela Cotovia).
O Pedro Mexia foi dos poucos que publicamente discutiram e comentaram a minha tese de mestrado, publicada na Difel como
O Meio Literário Português. E com isso fez muito mais pela sua divulgação do que a própria editora, a esse respeito incompreensivelmente inepta e desmazelada. É o melhor cronista a escrever hoje na imprensa. Os textos da
Grande Reportagem planeei há um ano publicá-los, quando me surgiu a oportunidade (não concretizada) de organizar uma colecção de livros com escrita da imprensa. A poesia do Pedro conheço-a mal (nunca me ofereceu um livro, parece que correm por aí rumores idiotas de que eu não gosto de poesia, embora, é verdade, não goste da má poesia). Folheei-a em livrarias e confesso não ter sentido adesão. Prefiro a prosa, em particular no género crónica (continuo na expectativa do romance em tempos anunciado). Aí encontro referências comuns, afinidades, interesses que em abstracto nos aproximam (e nos aproximam até mesmo quando dele discordo, como nesta última opinião em «A Crítica e o meio literário», secção
Ministério da Cultura ).
O José Mário Silva e o João Miguel Tavares são descobertas mais recentes. Do primeiro aprecio especialmente alguns textos de crítica literária. Dele li algumas críticas exemplares, pequenas maravilhas da sensibilidade humana. Mais até, muito mais até, do que naqueles textos do
DNA, feitos a partir de poemas (de que não gosto e cuja leitura, não raro, deixo pela metade). O João Miguel Tavares é um tipo muito perverso. Dos mais perversos que escrevem nos jornais. Lembro-me de um pequeno texto, poucos terão dado por ele, a propósito daquele filme (o último) do Cunha Teles, com a Marisa Cruz. Muito malicioso, muito venenoso. Na crítica social e política é dos jornalistas mais argutos e incisivos.
Quis escrever sobre pessoas por quem sinto genuína admiração intelectual. Talvez porque reconheço e aceito algumas críticas que me têm sido dirigidas por alguns leitores do Esplanar: raramente escrevo sobre pessoas que gosto de ler. Para aquele que aqui quiserem encontrar motivações subterrâneas ou duvidosas, aproveito um dos últimos posts do
Pedro Mexia : “estamos sempre em julgamento / é uma maneira de ser livre”.