Na fila de cima, no meio, Gabriel Pedro.
JPG – E os seus irmãos?
EP – Era tudo comunista. A minha irmã morreu em Paris na emigração. Participou no Maio de 68. O meu irmão, João Tavares Pedro, era jovem comunista e foi assassinado numa manifestação organizada por mim, num daqueles comícios relâmpago que a JC fazia nos anos de 1930. Foi durante uma semana de agitação e propaganda, a tal agit-prop, organizada pelo partido e, nesse quadro, deram-nos instruções para fazer também uma série de manifestações. Eu organizei várias nas escolas industriais e comerciais. O meu irmão era aluno da Escola Fonseca Benevides, onde fizemos um comício. Como ele era aluno, disse-lhe para não se misturar, para não dar vivas, manter-se à parte. Aquilo metia sempre tiros… eu tinha um guarda-costas que puxou da pistola quando o contínuo que estava de serviço ao átrio da escola tentou tocar a sineta para não se ouvir o que eu dizia. Havia um certo aventureirismo… O meu irmão manteve-se à parte. Aquilo era feito muito rapidamente: desfraldava-se a bandeira vermelha e distribuíam-se uns panfletos. O esquema era sempre o mesmo, para dizer que existíamos, que estávamos vivos, que tínhamos uma missão a cumprir. Acabámos aquilo, saímos a correr. O meu irmão ficou à porta. Logo depois veio a Polícia de Informações, os tipos do 28 de Maio, que começaram a agredir alguns rapazes. O meu irmão quis ajudar um amigo e disse qualquer coisa desagradável para os tipos. Rebentáram-no aos pontapés. Foi dali para o hospital S. José e morreu 15 dias depois.