Francisco Paula de Oliveira (Pável)JPG – Também conheceu o Francisco Paula de Oliveira, mais conhecido por Pável?
EP – Foi operário comigo nas oficinas do Arsenal de Marinha, que era uma oficina de elite. Todos os operários eram obrigados a frequentar a Escola Industrial. Em nenhum outro estabelecimento fabril era assim. Havia todo um conjunto de pessoas de grande craveira intelectual. Lembro-me do Alfredo “Pasteleiro”, conheci-o quando era aprendiz numa oficina metalúrgica situada na rua do Salitre. Foi ele quem me deu a ler os primeiros manifestos comunistas. O Francisco Paula de Oliveira, que foi Secretário-Geral do PCP e Secretário-Geral da Juventude Comunista, tomou o pseudónimo de Pável, o nome de uma personagem de um romance do Máximo Gorki, A Mãe. Era conhecido pelos amigos como o “Viagens à Lua”. Era a alcunha que lhe davam no Arsenal, porque era um tipo que se interessava por ficção científica, viagens à lua, etc. Esteve preso no Aljube mas fugiu. Foi para Paris e fugiu depois para o México, onde se radicou com o passaporte de um combatente da Guerra Civil que tinha morrido, António Rodriguez. Tornou-se escritor e um grande crítico de arte. Foi uma grande figura da cultura mexicana. O México fez-lhe uma homenagem nacional pela contribuição que ele deu à cultura mexicana. Não é qualquer um. É um caso que dava um romance fabuloso. Depois do 25 de Abril, o Mário Soares convidou-o a vir cá. Tenho fotografias dessa visita.