A propósito da campanha eleitoral, voltei a recordar-me disto: de como há muito tempo perdi a fé em qualquer projecto político. Deve ser por isso que me dizem que sou de direita, mas não sei se concorde. Não pertenci a uma só associação de estudantes, a qualquer conselho, nunca fui militante de coisa nenhuma. E nem me lembro de um momento concreto de decisão, pelo que, creio, já devo ter nascido céptico e individualista.
Ao mesmo tempo, se olho em volta, parece-me que não sou caso único, não a excepção, mas a regra, a amostra de uma geração que já pouco acredita e sintoma que anuncia a seguinte, hoje adolescente ou lá perto. Essa, temo bem, não tem mais fé que na passagem de nível do jogo de consola ou na ilusão de realidade que lhe dá um computador, não se apercebendo sequer de que, no limite, não passam de corpos sozinhos, encerrados num quarto, olhando uma caixa, por vezes 16 horas por dia, como tem sido testemunhado por alguns “casos reais” em reportagens que vão passando, disfarçadas de inocuidade, pelos noticiários.
A fé que me ficou tem a ver com a pele e a parte de universo que ela é capaz de tocar, ao longo do seu período de vida. Pele, desejo e medo, pouco mais - o suficiente.
Quanto a projectos colectivos, não obrigado. Não acredito em grupos com mais de três ou quatro amigos e naquilo que eles possam conseguir. O resto acaba, de modo inevitável, em desilusão. São os desencontros de opiniões, as decepções com os carácteres, os conflitos, o choque dos interesses, a inveja, a competição, a traição, aqueles que sobem na vida deixando-se ser puxados pelos braços do único idealista que existe em todas equipas.
Sim, amigo leitor, já nasci velho e pouco sonhador. O mais esquisito é que ainda acredito no Benfica.
Alexandre