Era notícia perdida nas páginas finais da imprensa do último fim-de-semana. A Universidade de Helsínquia pretende cancelar o acordo de intercâmbio que tem com a Universidade do Porto, no âmbito do programa Erasmus, devido à suspeita de que um aluno português teria tido a intenção de copiar num exame na escola finlandesa.
O rapaz, com média de 14 valores e um currículo imaculado, teria inscrito anotações no dicionário que repousava na secretária ao seu lado, durante a prova. E, agora, escreve missivas ao conselho directivo da Universidade e à embaixada da Finlândia em Portugal. Tem o pai a ajudá-lo, bem como os responváveis da escola da “Invicta”, naturalmente preocupados com a sua reputação e ofendidos com a intransigência dos nórdicos.
Mon coeur balance - de que lado ficar? Do rapaz, eventual fura-vidas, bem à maneira da casa, à maneira estudantil, que nem sequer chegou a consumir o “crime”, que fez o que todos os estudantes fazem, uma vez por outra? Ou do lado do rigor, da exigência de honestidade, da correcção, do exemplo desses tão bem sucedidos povos do norte da Europa?
Depois de alguma reflexão, concluo o seguinte: que, por uma vez, se faça o elogio ao “tuga”, ao perfil do tipo que procura “esquemas”, que encontra a sua forma de fazer as coisas porque, afinal, o mais importante é que elas fiquem feitas. Ao diabo com esse espírito anti-séptico dos finlandeses! Sem cábulas nem respostas sopradas, bluff nas respostas e desculpas ardilosas para nos escaparmos a prazos e exames, não só não teríamos tido melhores notas, como seríamos muito mais infelizes. E, sobretudo, não estaríamos tão preparados para o mundo real. Ou querem-me convencer de que, só em Portugal, se copia pelo colega do lado?
Alexandre