ESPLANAR

JOÃO PEDRO GEORGE
esplanar@hotmail.com

terça-feira, março 29, 2005

 

A margem da politica

Sempre que há eleições, sinto-me como uma mulher em dia de final da taça: mas para que Diabo é este barulho todo? Eles não te estão a ouvir… É só um jogo… Perderam, problema deles; ganharam, bom para eles… E não entendo o entusiasmo, não consigo, por muito que me esforce (e tenho-o feito), não sou capaz de o partilhar, de me envolver, de acreditar.
Compreendo todos os princípios teóricos, é claro. Não se trata de uma apatia negligente. Pelo contrário. Só acontece por já ter reflectido bastante sobre o problema. É claro que a política deveria ser a ciência mais nobre, a luta por escrever o livro dos homens, da sua coexistência, em direcção ao destino da História. É claro que compreendo a evolução dos tempos, as guerras contra as ditaduras, pelo direito ao voto, pela democracia. É claro que sei tudo isso e compreendo a dignidade do conceito, da ideia, do projecto, da ambição.
Mas é, precisamente, por compreendê-lo e por ser tão fiel aos princípios que me é biologicamente impossível entusiasmar com o que vejo. Palavras para ouvir e queimar; nomes para decorar e esquecer; homens para esperar para ver o que fazem e, depois, deixá-los cair e crucificar.
Que faz aquela gente toda na rua com bandeirinhas? Por que buzinam? Por que me tentam aqueles senhores enganar com palavras doces: “sonho”, “projecto”, “esperança”, “futuro”?
E, ao mesmo tempo, estou rodeado de gente inteligente e experiente que continua a vibrar com tudo isto. E não sei o que lhes dizer. Desculpem, talvez. Mas não me parece que esteja enganado. Leio a República, a Metafísica dos Costumes, a Teoria da Justiça, e não sei onde está a ficção, se nestes livros, se diante de mim.
Alexandre



<< Home


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Arquivo

julho 2004   agosto 2004   setembro 2004   outubro 2004   novembro 2004   dezembro 2004   janeiro 2005   fevereiro 2005   março 2005   abril 2005   maio 2005   setembro 2005   outubro 2005   novembro 2005   dezembro 2005   janeiro 2006   fevereiro 2006   março 2006   abril 2006   maio 2006   junho 2006   julho 2006   agosto 2006   setembro 2006   outubro 2006   novembro 2006   dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007  

Outros Blogues

Abrupto
Alice Geirinhas
Álvaro Cunhal (Biografia)
AspirinaB
Babugem
Blasfémia (A)
Bombyx-Mori
Casmurro
Os Canhões de Navarone
Diogo Freitas da Costa
Da Literatura
Espectro (O)
Espuma dos Dias (A)
Estado Civil
Fuga para a Vitória
Garedelest
Homem-a-Dias
Estudos Sobre o Comunismo
Glória Fácil...
Memória Inventada (A)
Meu Inferno Privado
Morel, A Invenção de
Não Sei Brincar
Origem das Espécies
Portugal dos Pequeninos
Periférica
Prazeres Minúsculos
Quarta República
Rui Tavares
Saudades de Antero
Vidro Duplo











Powered by Blogger

This page is powered by Blogger. Isn't yours?