Agora que a Esquerda ergue o ceptro do poder entre nós, permitam-me que tire, finalmente, proveito da fama que tenho de ser fascista. Aqui vai, pronta para me criar mais alguns inimigos, uma breve lista daquilo que me irrita numa certa Esquerda.
Quem é de Esquerda adora gritá-lo aos quatro ventos como se fosse, em si próprio, um motivo de orgulho. Nunca viram ninguém dizer que era de Direita sem que lho tivessem perguntado primeiro.
A Esquerda é absolutamente intolerante. Se, num grupo de gente de Esquerda, se apercebem de que lá está alguém de Direita, esse alguém é, de pronto, ostracizado, insultado e, em alguns casos, acusado de ser co-responsável por Auschwitz.
A Esquerda tem memória curta. Um tipo de Direita terá sempre de responder pelo Holocausto. Um tipo de Esquerda nunca tem nada a ver com os Gulag ou a Revolução Cultural.
A Esquerda tem a mania que inventou a cultura. A cultura é deles. Um tipo culto tem de ser de Esquerda. Mas, se os artistas quisessem ser de Esquerda ou de Direita, tinham ido para a política, não teriam sido artistas. E apreciar um bom romance ou um bom quadro ou um bom filme é uma emoção estética. Não é preciso ter cartão de militante para sentir.
A Esquerda tem a mania que inventou a Ecologia. Quem não separe o lixo não é negligente – é um perigoso fascista. Como se o ambiente não fosse um valor situado também para além da política.
A Esquerda gosta de estar do lado dos pobrezinhos. Mas a Esquerda é, em geral, de um novo-riquismo insuportável. Se não é, que deixe de aparecer em público com grandes Cohiba na boca a fazer-nos sentir uns pés-rapados.
A Esquerda enerva-se com este tipo de manifesto. Porque a Esquerda se confunde com o Bem. Logo, quem atacar a Esquerda só pode ser de Direita, só pode ser nazi, só pode ser o Mal.
Alexandre