Mario Benedetti ensinou-nos que a culpa não é nem dos pretextos, nem do tempo, mas daquele que não se faz enamorar. Benedetti falava do amor entre pessoas. Os partidos, como se sabe, são como as pessoas, mais exactamente, como as mulheres. Para que as relações entre eles vinguem, os partidos têm que saber fazer-se desejar.
Vejamos o PC. O PC não sabe. Todos os dias o PC diz que está disponível. Isso é não saber. O PC parece uma velha desdentada de perna aberta; sucede que desejo não é exactamente o que velhas desdentadas de perna aberta inspiram. É por isso que ninguém lhe vai pegar. A ideia de que no dia 20 de Fevereiro à noite José Sócrates vai bater à porta da Soeiro Pereira Gomes de sapatinho na mão para ver se serve no pezinho de Jerónimo é pura fábula. Jerónimo é uma abóbora e abóbora permanecerá para sempre.
Com o Bloco o jogo é outro. Como alguém dizia, «no balls, no babies». O Bloco é uma menina diferente, daquelas que fazem género, mais exactamente o género difícil. Diz todos os dias que não está disponível. Aprendeu bem a lição de Benedetti e não esqueceu nada. Sabe, por isso, fazer-se desejar. Para o governo não vai, acordos parlamentares talvez. Faz lembrar as pressurosas meninas da Opus Dei que, por não entregarem nunca a virtude, só fazem fellatios, em compensação.
Filipe/Rui