Na vida, há coisas que são em «anço» e há coisas que são em «ismo». E há, consequentemente, quem prefira coisas em «anço» e quem prefira coisas em «ismo». Eu sou pelo «anço». Senão, vejamos: «empernanço», «enrabanço», «chafurdanço» ou «esfreganço». Experimente-se, em qualquer destes substantivos, trocar o «anço» por «ismo». «Enrabismo»? Uma doença, claramente. «Empernismo»? Má formação congénita. «Esfreguismo» não existe fora do relatório Kinsey. Para quê aleijar a boca a dizer tribadismo se podemos usar empernanço? O «anço» é feito de langor, o «ismo», de rancor. O «ismo» ganha em patologia o que perde em poesia. E quem diz patologia, diz ideologia. As coisas em «ismo», no fundo, são um achismo; um achismo-leninismo. E quem cai vítima do «ismo», um chato.
Rui