Se eu quisesse ter ido ver um filme reflexivo, auto-irónico, com muita palheta (os chamados «diálogos») tinha ido ver o
Melinda e Melinda. Se quisesse saber o que é um sistema auto-referencial teria ficado em casa a ler Niklas Luhman. Eu queria era ver assaltos, planos de assaltos, pormenores de assaltos, mulheres e carros lindos usados em assaltos. Este
Ocean’s Twelve tem muita conversa, muitas piadinhas sobre auto-ajuda (mas poucos carros, lá está) e sobre o género «heist movie» (como a cena de Vincent Cassel a atravessar dançando capoeira o átrio da galeria de arte em Roma, evocando, digamos, a melhor Zeta-Jones de
Entrapment), que são divertidas ou mesmo muito divertidas. Gramei o gag genial sobre a idade de George Clooney e aquela cena do c******, com Don Cheadle. Contudo, este filme, em vez de se colocar na esteira de grandes filme sobre assaltos, como o portentoso
Ocean’s Eleven, insere-se ao invés na cauda descamisada de filmes intelectuais como
Scream,
Last Action Hero e
A Rosa Púrpura do Cairo. Ora, e por falar em Woody Allen, alguém disse no final: «Vou ver o Melinda e Melinda já a seguir, pode ser que tenha mais acção e menos conversa». E foi. Conta aí
João Pedro. Depois, uma coisa que não é de somenos: ò Soderbergh, por que raio há-de a Julia Roberts estar sempre feia e magrela nos teus filmes? O melhor do filme é indiscutivelmente Catherine Zeta-Jones, capaz de ser a coisa mais sexy no écran, ainda que este contenha George Clooney - a quem obscurece
uma e
outra vez - o que, convenhamos, não é fácil.
Rui