Estão decorridas as primeiras horas do julgamento que parece ter sentado no banco dos réus, não tanto os acusados de crimes de pedofilia, mas a própria Justiça portuguesa. Inteira. De onde quer que tenha começado até hoje.
Bem ou mal, o que quer que a juíza decida, que os advogados a levem a decidir, passará para a opinião pública como uma súmula desproporcionada de coisas e personalidades: estará lá Rui Teixeira, Souto Moura, Herman José e Paulo Pedroso; estará Felícia Cabrita e Octávio Lopes e tudo quanto escreveram os jornais; estará Catalina Pestana, Adelino Granja e Pedro Namora. Estará, talvez, Ferro Rodrigues e o velho do bairro de quem se murmura que aborda as crianças à porta do colégio. Estará o Governo. Estará a confiança com que votarão o próximo, a impressão que se terá dos seguintes ministros da Justiça, procuradores-gerais da República e directores nacionais da PJ.
Para o País, sentado, em silêncio, defronte do ecrã televisivo, tudo quanto estas pessoas fizeram ou disseram, neste e noutros âmbitos, estará em questão no dia em que o tribunal der por terminado o julgamento e ler a sentença.
Pior: a única forma que o País terá de acreditar em tudo isto, em todas estas pessoas ou, pelo menos, na maioria, é serem condenados todos os acusados. De preferência, com punições exemplares.
Alexandre