Gosto das coisas que acabam, quando acabam. Tudo ganha uma silhueta especial se iluminado pela luz que encerra os espectáculos, mesmo o monstruoso. O fim de qualquer coisa significa sempre o seu cumprimento e nada me angustia mais que o inacabado. O final dos dias é doce, o terminar um trabalho reconfortante; colocar o último ponto num texto, dar o retoque que faltava a um quadro, a derradeira frase que se diz a alguém que parte, o último olhar lançado sobre uma paisagem que se deixa, para sempre, para trás. Todos os fins encerram a coisa inteira naquilo que teve de essencial porque, geralmente, tendemos a ser mais verdadeiros quando tudo desaba. E, no fim de contas, não está implicado no começar de cada coisa que ela acabe? E que, quando acabe, fique o espaço para que outra coisa qualquer comece? Que descanse em paz tudo o que nos morreu. Aprendemos a ser nós próprios no sobreviver-lhe.
Alexandre