Só a habituação dos anos e aquilo a que a convivência social obriga me fizeram começar a gostar do verão. Hoje, reconheço, há nos meses quentes um efeito de regeneração que as sociedades não podem dispensar. Mas, por dentro, continuo a ser uma criatura do inverno e da aceitação de uma certa aura de sacrifício que o passar do tempo ganha quando principia a estação das chuvas. Por estes dias, isso começa a acontecer. O frio ganha horas ao calor e muitos pequenos prazeres redobram a sua importância. O duche quente matinal, as múltiplas peças de roupa onde nos aconchegamos, o café que nos recoloca em funcionamento antes de ir trabalhar, o cigarro que se lhe segue. O chá, o chocolate quente, a poltrona ou o pequeno bar acolhedor, conforme os estilos de vida. Os whiskies nocturnos, os abraços que abrem e encerram encontros. Porque o frio está lá para que o calor seja preciso.
Alexandre