Quero que saibas disto, Emmanuelle, numa absurda viagem que um dia faças pelas mais obscuras entradas de uma pesquisa pelo teu nome em qualquer motor de busca virtual.
Durante anos, papei filmes do André Techiné, escolhi, semana a semana, fotos tuas para embelezar o meu desktop e, consequentemente, toda a redacção (sempre delicadas, elegantes, com pouco mais que o teu rosto à mostra, para que não chamasse demasiado pela atenção de ninguém). De "Huit Femmes", retive a cena em que soltas o cabelo e encaras Catherine Deneuve, tornando-se gémeas, numa insinuação de que a tua personagem fosse filha da dela, como um dos momentos da História em que uma mulher foi mais bela.
E agora, à traição, fazes-me esse filme em que toda a gente te pode ver, inteira, assim tão fácil de descobrir, quando poderias viver na Arábia Saudita e, com um simples pestanejar, derrubar qualquer homem?
É duro, Emmanuelle. E o pior é que sabes que não tenho como me vingar.
Alexandre