Um amigo emprestou-me esta semana “Mandriões no Vale Fértil”, de Albert Cossery. Vou lê-lo em breve. Li há tempos “Mendigos e Altivos”, outro dos livros do autor tunisino editados pela Antígona. Mais do que a trama, cativou-me a ausência de culpa e de angústia no voluntário mendigo do romance, um ex-professor universitário de literatura e filosofia. E a tradução de Júlio Henriques. Dizem-me que “Mandriões no Vale Fértil” é – de uma forma ainda mais directa - um elogio à preguiça. Digamos que se trata, nestes dias que correm, de um livro fora da agenda. Isso agrada-me. Sobretudo numa altura em que quem não leu o “Código Da Vinci” corre o risco de ser espancado na rua (eu não quero ser espancado e, por isso, vou lê-lo). Cossery, nascido em 1913 na cidade do Cairo, foi viver em 1945 para um hotel parisiense. São suas estas palavras, proferidas numa entrevista: “Plenos de amor, os meus livros não contam todavia uma história de amor entre um homem e uma mulher; não acredito nessas histórias. É por isso que nunca vou ao cinema...”.
Nuno