Na vida, fui aprendendo a valorizar as coincidências muito para além do que é racional. Tenho a certeza que já vos aconteceu: de repente, há qualquer coisa que nos aparece por todo o lado, seja uma referência, uma pessoa, um disco ou um cheiro. Um vislumbre de outro destino, irrecusável: ali. A última destas que me aconteceu foi com a Julia Stiles. Acho que tive sorte, podia ser bem pior. Como é bem sabido, quando se está de férias o cérebro quase que pára. Estávamos na esplanada da praia a almoçar e já não sei porquê veio a Julia Stiles à conversa. Com a cabecinha em
panne completa, estive uma boa meia-hora para me lembrar de quem é a mãe –
Goldie Hawn – e outra meia-hora para me lembrar do pai –
Kurt Russel. Em férias, mesmo aquilo que está debaixo da língua está irremediavelmente longe. Ah! já me lembro por que é que veio à conversa. Porque na véspera tinha comprado o dvd de um filme em que ela entra, e que se chama «
Coyote Ugly», e que tem umas miúdas giras a dançar em cima do balcão de um bar nova-iorquino e a Julia a cumprir pela enésima vez o sonho americano da rapariga de província, tentando singrar na grande cidade, desta vez como
songwriter. Acho que estava a tentar explicar porque é que tinha comprado o dvd (parece-me evidente, mas enfim). No filme, Julia acaba por ter sucesso a cantar «Can’t fight the moonlight» de
LeAnn Rimes (que faz um pequeno
cameo). Cheguei a Lisboa e vi o filme outra vez – ontem, precisamente. Hoje, vou ver o hotmail e deparo com
isto.
Serendipity? Não rejeito à partida uma ciência que desconheço. Deixei-me disso.
Rui