Hoje, sem que pensasse no que estava a fazer, parei diante da velha central hidroeléctrica onde o meu falecido avô trabalhou anos a fio. Ali, passei incontáveis manhãs e tardes da infância, entre grandes máquinas cujos funcionamento e função não compreendia, papéis em que rabiscava figuras para passar o tempo e senhores já velhotes que, por isso, me chamavam "o desenhista". De súbito, todas estas imagens perdidas, este período por inteiro, passou-me, de novo, pelos olhos.
De repente, voltou aquela sensação de nunca ter crescido, de apenas ter fugido aonde se pertence, ao nosso lugar no universo. E pensei que continuo a olhar para máquinas que não entendo e a desenhar coisas em papéis que se esforçam por ter um sentido que os outros deslindem.
Porque é que, tantas vezes, nos parece que a parte verdadeira de nós é a que ainda é criança e que todo o processo de crescimento não passou de uma ilusão?
Alexandre