I
Nós não pusemos
O Acidental na nossa lista de links, mas a verdade é que tenho visitado o blog com frequência. Fazem parte da equipa de
O Acidental
pessoas que conheço e prezo e que, para além disso, têm uma óptima escrita - o Diogo Belford Henriques e o Francisco Mendes da Silva (com este último mantenho esse blog sobre desvarios musicais chamado
Quase Famosos). O melhor de
O Acidental
é a escrita inteligente e bem-humorada, ao bom estilo do jornalismo inglês e do velho Independente (um exemplo disso foi um post do Rodrigo Moita de Deus sobre os clichés à volta das diferenças entre a esquerda e a direita). O pior de
O Acidental é quando se radicaliza numa tentativa de se transformar num blog anti-Barnabé e parece achar-se no dever de fazer a defesa do actual Governo.
II
Hoje, ao passar por lá, li um post de Vítor Cunha sobre um elogio aberto que
Pacheco Pereira terá feito no seu blog ao jornal
A Capital - onde trabalhei há uns anos e aonde regresso por estes dias. Vítor Cunha acha que Pacheco Pereira, no fundo, gosta do jornal porque este se constituiu num “panfleto de propaganda anti-Lopes”. Sobre aquilo que o director-adjunto de
O Independente (agora reaparecido com uma carta-aberta de Moita Flores) diz sobre a qualidade específica e do alinhamento político do jornalismo praticado pela Capital não me pronuncio - ou apenas digo que numa reportagem de fundo recente prestaram depoimentos os “esquerdistas” Jaime Nogueira Pinto, Rosado Fernandes e Helena Matos e que, ontem, publicou um trabalho sobre artistas que não dependem do Estado para sobreviverem.
III
Sobre a questão do “panfleto de propaganda anti-Lopes”: quem ler o que se tem dito e investigado
n' A Capital sobre Santana Lopes perceberá que o objectivo fundamental é demonstrar - com dados concretos - como é que foi a sua gestão na câmara. Na verdade, há um facto que qualquer pessoa decente tem de admitir: por mais virtudes que esconda (e eu acredito na complexidade dos seres humanos e alinho pouco em adjectivações fáceis), Santana Lopes tem primado publicamente pelo despudor. Já não falamos de política, de partidos e de direita-esquerda - é uma questão de decoro. Um exemplo simples que tem sido menos falado: quem respeita a decência e um mínimo de valores não poderá ter em grande consideração alguém que publica com pompa um livro com ele próprio e Frank Gehry na capa e depois abandona o cargo sem ter cumprido a promessa que essa capa ilustrava. Pior: sem ter pedido desculpa por isso.
Santana parte em desvantagem. Terá, pois, de fazer muito nos próximos meses para apagar episódios como este. Até porque o livro continua em exposição nas livrarias de todo o país.
Nuno