Hoje, sentado a tomar o café da manhã na esplanadita que meus pais improvisaram no quintal de casa, notei o imenso prazer que inspira aquele som familiar da chávena a tocar o pires, sobretudo se um e outro forem grandes (com os dos "expressos" não dá...).
Aquele tom de cristal, pausado, repetido, duas, três, quatro vezes, conforme o que durar beber o café ou o chá, fala mais do tempo que muitos ensaios da filosofia e da psicologia.
Pensei em como me poderiam invejar os vizinhos que, ao lado, estivessem a ouvir esse tinir (tinir... um dos melhores nomes que já inventámos para um verbo, por ser tão próximo da onomatopeia). Um tinir não se ouviria a meio de uma guerra, ou de uma reunião de última hora, ou na praia apinhada ou na pastelaria da berma da estrada.
O tinir da chávena com o pires é um ronronar vaidoso daqueles que têm tempo. Uma palavra sobre paz. Aquilo que os cubanos poderiam resolver com o belo "hay más tiempo que vida..."
Alexandre