ESPLANAR

JOÃO PEDRO GEORGE
esplanar@hotmail.com

segunda-feira, agosto 09, 2004

 

Casa Portuguesa

Hoje, quando uma amiga me disse que vai regressar a Goa em Novembro, voltei a entrar no restaurante Casa Portuguesa, em Baga. Comecei por ouvir um fado vindo de uma gravação pouco clara e deficiente. Revisitei depois os quartos daquela que podia ser uma antiga casa de campo portuguesa e recebi de novo o calor triste das velas acesas em cima de cada uma das mesas, alumiando as paredes brancas e o mobiliário indo-português. Por fim, voltei a ter uma demorada conversa com Francisco de Sousa, o dono do restaurante. Vestido de negro e com o cabelo todo puxado para trás num carrapito, contou-me histórias da altura em que foi estudar para Bombaim e, ao sentar-se à mesa com os seus colegas do curso de Direito, sentiu o choque cultural por trazer de casa uma série de hábitos portugueses/goeses. Lembrou o som das metralhadoras das tropas indianas no dia da libertação e a voz da sua avó a dizer: "É a guerra, é a guerra". E recordou o ano de 1986, altura em que resolveu transformar uma habitação ancestral, escondida entre a vegetação selvagem e os trilhos das cobras, num restaurante que preservasse a memória da família. Hoje, quando uma amiga me disse que vai regressar a Goa em Novembro, imaginei que o prato de peixe com açorda que tinha à frente era, afinal, um xacuti de galinha. E ouvi, ao fundo, o som de uma gravação roufenha dos fados de Amália. Nuno



<< Home


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Arquivo

julho 2004   agosto 2004   setembro 2004   outubro 2004   novembro 2004   dezembro 2004   janeiro 2005   fevereiro 2005   março 2005   abril 2005   maio 2005   setembro 2005   outubro 2005   novembro 2005   dezembro 2005   janeiro 2006   fevereiro 2006   março 2006   abril 2006   maio 2006   junho 2006   julho 2006   agosto 2006   setembro 2006   outubro 2006   novembro 2006   dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007  

Outros Blogues

Abrupto
Alice Geirinhas
Álvaro Cunhal (Biografia)
AspirinaB
Babugem
Blasfémia (A)
Bombyx-Mori
Casmurro
Os Canhões de Navarone
Diogo Freitas da Costa
Da Literatura
Espectro (O)
Espuma dos Dias (A)
Estado Civil
Fuga para a Vitória
Garedelest
Homem-a-Dias
Estudos Sobre o Comunismo
Glória Fácil...
Memória Inventada (A)
Meu Inferno Privado
Morel, A Invenção de
Não Sei Brincar
Origem das Espécies
Portugal dos Pequeninos
Periférica
Prazeres Minúsculos
Quarta República
Rui Tavares
Saudades de Antero
Vidro Duplo











Powered by Blogger

This page is powered by Blogger. Isn't yours?