Ao final da tarde de ontem, tinha deixado mais um emprego ou, antes, mais um lugar e um grupo de pessoas com quem trabalhei.
Nunca fiquei particularmente triste com situações como esta, pelo contrário: os meus amigos sabem e riem-se do meu encantamento pelos finais, dos livros, dos filmes, dos concertos, das coisas, dos projectos, das relações. Porque fim tudo tem, importa é que cheguem para que a coisa e se cumpra e, simultaneamente, se abra o espaço para que outra nasça.
No entanto, sempre achei que devia assinalar essas despedidas. Jantaradas, prendas e postais individuais, no máximo; grandes abraços e palavras de incentivo, no mínimo. Já o fiz milhares de vezes, porque, entre projectos amadores, universitários e profissionais, já perdi a conta aos lugares por onde passei e à quantidade de amigos feitos em cada um, reflectida, agora, no número perfeitamente absurdo de aniversários a que vou por mês (outra coisa em mim de que os meus amigos se riem à grande...).
Talvez por esse excesso, desta vez, não houve nada disso. Nem jantaradas nem abraços. A coisa foi simples e rápida. Higiénica. Tão pragmática como livrar a minha secretária do que ainda lá guardava e oferecê-la a quem mais gostasse daquele cantinho do escritório.
Em geral, acredito que vá acabar um velho fantástico, muito melhor pessoa do que aquela que sou hoje. Momentos como este fazem-me pensar o oposto: que terminarei como uma espécie de Robocop curvado e com rugas, frio como um pinguim e insensível como um ministro das finanças.
Alexandre