No dia 12 de Junho, a poucas horas do jogo inaugural do Euro, fui ao supermercado abastecer-me, convenientemente, de mantimentos para a temporada que arrancaria. Só o essencial à vida humana: alguns six-packs, bolachas, aperitivos, café, cereais, leite e iogurtes. Estes, reparei ao colocá-los na caixa, tinham prazo de validade precisamente até 4 de Julho, o dia da final - achei, desde logo, uma coincidência magnífica - quem resistiria mais: os iogurtes ou a selecção? O Rui Costa ou os pedaços de morango?
Dois dias antes do derradeiro Portugal - Grécia, os últimos iogurtes tinham deixado entrar ar e já estavam estragados. Por uma vez, perdia uma aposta, feita, de modo sinistro, para mim próprio. E ficava feliz com isso.
No dia da final, tive de fazer o pequeno-almoço com outra coisa qualquer, mas lembrei-me como é vantajoso para quem escreve que os azares da vida sejam sempre óptimo material literário.
Alexandre