O que Michael Moore nos dá com "Fahrenheit 9/11" é, sobretudo, uma lição acerca de manipulação.
Quando estamos certos, de modo quase inconsciente, de que vivemos na era da informação e que nada pode ser escondido do nosso olhar omnipotente, o risco do engano é muito maior, a possibilidade da ilusão multiplica-se, os homens do espectáculo ficam com tudo a seu favor. A nossa é, afinal, a sociedade da propaganda.
Como bem escreve João Lopes, "o olhar sobre o mundo é sempre uma perspectiva sobre o mundo". Isto é, não é o mundo em si mesmo.
Moore, em primeira instância, exibe a manipulação daquilo que vemos e sabemos, do 11 de Setembro à Guerra do Iraque, arquitectada pela administração Bush. Em segunda, manipula ele próprio aquilo que quer que seja lido por nós no seu documentário. E aí é também um propagandista, demagógico, um ilusionista.
Como não gostar dele?
Se nos esquecermos de pensar, saímos da sala a rir mais do que com o "Shrek".
Alexandre