A China habituou-nos ao pior. Desde aquele imperador que mandou queimar tudo quanto tinha sido antes escrito, para que não houvesse prova histórica de qualquer chefe anterior a ele, até Mao, à revolução cultural, quinze milhões de agricultores e familiares mortos à fome e meninas virgens levadas ao leito do idiota, para a preservação da raça.
Nunca compreendi, de resto, como alguns se podem dizer tranquilamente, maoistas e não ser, de pronto, apedrejados, dado que o lugar de Mao Tse Tung é ao lado de todos os outros grandes cobardes do Século XX, Hitler e Estaline à cabeça.
Mas o inferno na terra não terminou com a morte de Mao. O Tibete permaneceu anexado, meninas continuaram a ser mortas para que a população não aumentasse mais, Tiananmen entrou pelos televisores do mundo inteiro.
Em todo o mundo, incluindo Portugal, os líderes chineses continuaram a ser recebidos com honrarias e cortesias. João Soares até ofereceu a chave da cidade de Lisboa a Jiang Zemin.
Hoje, que notícias insistem em chegar do país do sol nascente? Que por causa de uma barragem mastodôntica se expropriou um milhão de habitantes e que Jiang Yanyong, o médico responsável pela denúncia do massacre de estudantes, bem como do encobrimento governamental da pneumonia atípica, está, actualmente, a sofrer um tratamento de reeducação forçado que lhe mude a forma como pensa.
Será assim tão difícil ter vergonha na cara?
Alexandre