Muitas vezes, quando olho para o passado e o futuro do meu trabalho, das opções que tomo do interminável leque que se abre, a cada dia no mundo, tenho dúvidas sobre se tenho sido coerente, honesto para comigo próprio, se tenho percebido qual é o melhor caminho em direcção ao sucesso e à paz de espírito (dicotomia, diz-se, difícil).
Olho para Rui Esteves (que referência fabulosa!) e lembro-me de que, quando era um jovem jogador do modesto Torrense, o Sporting o quis contratar. O médio recusou. Porquê? Porque era benfiquista e não quis trair a si próprio. Um dia, anos mais tarde, depois de uns anitos no Vitória de Setúbal, o Benfica chamou-o.
A seguir, olho de novo e penso em Brad Pitt. Começou a trabalhar passeando pelas ruas vestido de frango, promovendo um restaurante especialista na cozinha desse bicho. Chegou onde sabemos que chegou (ele é um pouco mais conhecido que o Rui Esteves...).
Ambos estão certos. Ambos estão comoventemente certos.
Qual é a solução, então?
(Atenção... se não estiverem a ouvir um rufar de tambores é porque a vossa placa de som não presta... Este é o segundo mandamento da Lei de Borges!)
Só existem dois caminhos para uma vida com sentido: ou nos prostituimos ou nos apaixonamos. Isto é, ou fazemos coisas infieis à nossa verdade, mas pelas quais nos pagam, preferencialmente bem, o que nos permitirá comprar o tempo para essa verdade. Ou nos apaixonamos pelo que fazemos, com quem fazemos e, eventualmente pobres, encontramos o deleite de termos sabido respeitar a nossa essência.
Alexandre