O
Portugal dos Pequeninos é um blog à maneira.
O
Eduardo Pitta tem sido de uma simpatia irrefutável.
Obrigado a ambos.
P.S. Ó
Tulius já conversamos.
Há três candidatos fortes à Câmara Municipal de Lisboa: Maria José Nogueira Pinto, Ruben de Carvalho e José Sá Fernandes. Qualquer deles seria bom presidente da Câmara. Lamentavelmente, nenhum ocupará o trono municipal. Maria José Nogueira Pinto tem sido uma surpresa, discurso articulado, trabalho de casa feito, conhecimento dos problemas da cidade e propostas concretas para os resolver. Ruben de Carvalho é o melhor a emprestar convicção às suas palavras, além de conhecer em detalhe os trâmites da vida autárquica. José Sá Fernandes é, já o disse, o meu candidato. Mesmo que na passada sexta-feira tenha perdido o debate com Nogueira Pinto (por momentos hesitou, balbuciou, foi vago). Talvez porque ainda não saiba manejar a retórica política (não me parece defeito grave), é por vezes ingénuo, não domina a oratória (o que, isso sim, é estranho, sendo ele advogado), revela problemas de dicção (certas afirmações nos debates da TV não as consegui, pura e simplesmente, perceber), o que se tem reflectido numa perda do fôlego e do carisma iniciais. A melhor entrevista que dele vi foi há vários meses na RTP2, no programa «Diga Lá Excelência»: percepção minuciosa de como enfrentar corajosamente as encrencas da cidade, em particular ao nível da circulação automóvel, dos problemas ambientais e da reabilitação urbana. Aí, sim, começou verdadeiramente a conquistar o meu voto. Nos debates da SIC-Notícias, Sá Fernandes mostrou-se desigual e irregular, debates, diga-se, que têm beneficiado do trabalho de um moderador exemplar, do melhor que tenho visto nos últimos anos: João Adelino Faria não pactua com demagogias, não permite propaganda, não deixa que os candidatos fujam às questões, além de fazer perguntas directas e inteligentes. Mas seria justo exigir de Sá Fernandes, político não profissional, recém-chegado a estas lides, uma prestação inequivocamente ganhadora? Sá Fernandes é, para mim, o candidato mais próximo da sociedade civil (foi o Bloco de Esquerda que a ele se quis juntar, não foi ele que se ligou ao partido, e isso faz toda a diferença). Em Sá Fernandes pressinto uma vontade sincera de mudar as coisas. Posso enganar-me, vir a arrepender-me, mas acredito que Sá Fernandes pode ser uma espécie de cavalo de Tróia na Câmara Municipal de Lisboa.
O debate entre José Sá Fernandes e o sinistro Manuel Maria Carrilho, ocorrido ontem na SIC Notícias, veio reforçar a minha intenção de voto no candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda. Não será a primeira vez que voto no BE e desconfio que não será a última. Sim, regresso diferente ao Esplanar, regresso cada vez mais de esquerda, não a esquerda servil e lambe botas representada pelo PS, mas a esquerda radical, a única capaz de arejar as consciências. Manuel Maria Carrilho foi vergonhoso. Grotesco! Manuel Maria Carrilho é um demagogo enfeitado com as plumagem da cultura. Pior: é um bastardo da filosofia. A forma como se mexia na cadeira, como tremia pudibundo dos lábios, o tique do levantar dos ombros, a papeira vislumbrada, o feroz desejo de poder, tudo em Carrilho me é repelente. Carrilho revelou desconhecer os problemas da cidade de Lisboa, quando não sabia responder fazia propaganda, recorria à quinquilharia verbal, falava de generalidades como “as crianças”, “os velhos”, o "desporto", "as escolas", etc., sem nunca apresentar nada de concreto. Quando Sá Fernandes perguntou a Carrilho, depois deste afirmar que iria aumentar as faixas BUS, se ele, Carrilho, sabia quantos quilómetros essas faixas têm actualmente em Lisboa, Carrilho respondeu, pálido de embaraço: “Eu não vim aqui para responder às suas perguntas”. Por isto, e por tudo o que passou ontem no debate, digo: Manuel Maria Carrilho está a mais no espaço público português. Fora com ele!
E José Sá Fernandes para Presidente da Câmara de Lisboa.
João Pedro George
A qualquer momento, textos sobre
Equador,
de Miguel Sousa Tavares, e a obra de Margarida Rebelo Pinto.